Por que o preço do café está caindo em 2025? Entenda o que está acontecendo no Brasil e no mundo

Valeriense

julho 14, 2025

O café é uma das bebidas mais consumidas do planeta e, ao mesmo tempo, uma das principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil. Em 2025, no entanto, o mercado global tem observado uma queda significativa nos preços do grão, especialmente nas variedades arábica e robusta. Essa baixa nos valores tem impactado tanto produtores quanto comerciantes e consumidores finais.

Mas afinal, por que o preço do café está caindo em 2025? Neste artigo, vamos explorar os principais motivos dessa queda, o que ela representa para o mercado e o que esperar nos próximos meses.

Uma commodity em transformação

O café, como commodity, está sujeito às regras do mercado internacional: oferta, demanda, variações cambiais e até mesmo questões climáticas. Em anos anteriores, o setor passou por momentos de valorização intensa, especialmente por conta de problemas climáticos, aumento no custo de insumos e transporte, além de tensões geopolíticas.

No entanto, em 2025 o cenário mudou. De acordo com dados da Organização Internacional do Café (OIC), o preço composto do grão caiu cerca de 1,8% em março, marcando a primeira retração do ano após uma sequência de altas.

Os principais fatores que explicam a queda

1. Alta oferta global de grãos

A principal razão para a queda nos preços está ligada ao aumento expressivo da produção global. Países como Brasil e Vietnã estão colhendo safras recordes de café robusta (conilon), o que naturalmente pressiona o mercado.

No Espírito Santo, maior produtor de robusta do Brasil, a colheita de 2025 está adiantada, com cerca de 25% da safra já finalizada até maio. Especialistas acreditam que a produção total pode superar todas as estimativas iniciais.

Com os estoques elevados e o consumo global estabilizado, o excesso de oferta gera uma desvalorização natural do produto no mercado internacional.

2. Redução no consumo doméstico

Outro fator importante é a leve retração no consumo doméstico. No Brasil, o alto custo do café nos anos anteriores afetou os hábitos dos consumidores, que passaram a comprar menos ou a substituir por outras bebidas. Esse comportamento levou a uma redução de até 16% no consumo interno, segundo entidades do setor.

Com menor demanda no mercado interno e maior volume estocado, o preço tende a recuar.

3. Desaceleração econômica em mercados importadores

Muitos países consumidores, como Estados Unidos, Alemanha e Japão, estão enfrentando desaceleração econômica em 2025. Com a inflação persistente e menor poder de compra, a demanda por produtos como café também diminuiu nesses mercados.

Essa retração no consumo global impacta diretamente o valor da commodity nos contratos futuros, especialmente o arábica, mais consumido em países desenvolvidos.

4. Menor atuação de fundos especulativos

Fundos de investimento que atuam no mercado de commodities reduziram sua exposição ao café. Isso significa menor volume financeiro em contratos futuros, o que também contribui para a desvalorização.

A instabilidade econômica global e o receio de novas quedas têm afastado investidores desse tipo de ativo, aumentando ainda mais a pressão sobre os preços.

Impactos para o produtor brasileiro

Para os cafeicultores, especialmente os pequenos e médios produtores, a queda nos preços representa um grande desafio. Mesmo com produtividade em alta, os custos de produção (mão de obra, fertilizantes, transporte) seguem elevados, o que reduz as margens de lucro.

Além disso, muitos produtores já haviam feito investimentos com base em uma expectativa de preço superior, o que pode comprometer a rentabilidade esperada em 2025.

Por outro lado, aqueles que conseguem reduzir custos e manter eficiência produtiva têm oportunidade de aumentar a competitividade no mercado.

E para o consumidor final?

A expectativa natural seria que a queda no preço do café no mercado internacional fosse repassada ao consumidor brasileiro. No entanto, esse processo costuma ser lento. De acordo com especialistas, os efeitos de uma mudança nos preços da matéria-prima podem demorar entre 8 e 11 meses para chegar ao varejo.

Além disso, outros custos — como embalagem, transporte e margem de lucro dos intermediários — continuam elevados, o que dificulta a queda no preço final nas prateleiras.

Ainda assim, é possível que o consumidor comece a notar uma leve redução nos preços a partir do fim de 2025.

Expectativas para os próximos meses

O futuro do mercado do café em 2025 dependerá de diversos fatores:

  • Clima: geadas ou períodos de seca podem afetar a produção e inverter a tendência de queda;
  • Demanda: caso o consumo volte a crescer com a recuperação econômica, os preços podem se estabilizar;
  • Estímulos ao consumo interno: promoções e campanhas podem acelerar a venda e diminuir estoques.

Especialistas apontam que os preços do arábica, por exemplo, devem cair até 30% até o fim do ano, mas alertam que o mercado ainda está vulnerável a choques climáticos.

O que o pequeno produtor deve saber

Mesmo que você não seja um grande exportador, entender o comportamento dos preços do café pode te ajudar a tomar decisões mais conscientes no dia a dia. Saber os motivos por trás de uma eventual alta ou baixa é essencial para planejar a venda da sua safra, controlar os custos e investir na hora certa.

Com mais informação, o pequeno produtor também se fortalece diante de um mercado cada vez mais competitivo.

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